Nasceu em Santiago do Cacém, em 1911. Fez os estudos secundários em Lisboa, tendo-se dedicado desde cedo ao jornalismo. Em 1925, publicou, num semanário da província, os seus primeiros versos e narrativas.
Iniciou-se na poesia com a Colectânea Rosa dos Ventos (1940) e na ficção com os contos Aldeia Nova (1942). Ligado ao neo-realismo* evoluiu no sentido de um regionalismo crescente, ligado ao seu Alentejo natal, retratando o povo desta região e a miséria por ele sofrido. Contestatário e observador por natureza, a sua escrita era seguida de perto pela censura.
Colaborou em várias publicações: Afinidades, Altitude, Árvore, Vértice, O Pensamento, Sol Nascente, Seara Nova; nos jornais O Diabo e Diário; fez parte, ainda, do grupo O Novo Cancioneiro.
Escreveu também os volumes de poesia Planície (1941), Poemas Completos (1958), Poemas Dispersos (1958), os contos O Fogo e as Cinzas (19519, Um Anjo no trapézio (1968), Tempo de Solidão (1973), Crónicas Algarvias (1986) e os romances Cerromaior (1943) e Seara de Vento (1958).
Colaborou também no jornal A Capital, em 1986, com as Crónica Algarvias. Preparou ainda a Antologia de Fialho de Almeida (1984).
Faleceu em 1993.
(Rafaela Mendes – 9ºE)
*Neo-realismo
Corrente literária de influência italiana que anexa algumas componentes da literatura brasileira, nomeadamente a da denúncia das injustiças sociais do romance nordestino. Quer na poesia, quer na prosa, o neo-realismo assume uma dimensão de intervenção social, agudizada pelo pós-guerra e pela sedução dos sistemas socialistas que o clima português de ditadura mitifica.
A sua matriz poética concentra-se no grupo do Novo Cancioneiro, colecção de poesia, com Sidónio Muralha, João José Cochofel, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora e outros.
No romance, Soeiro Pereira Gomes, com Esteiros, e Alves Redol, com Gaibéus, de 1940, inauguraram, na ficção, uma obra extensa e representativa, que também muitos dos outros poetas mencionados (sobretudo os quatro primeiros) contribuíram para enriquecer.
O romance neo-realista reactiva os mecanismos da representação narrativa, inspirando-se das categorias marxistas de consciência de classe e de luta de classes, fundando-se nos conflitos sociais que põem sobretudo em cena camponeses, operários, patrões e senhores da terra, mas os melhores dos seus textos analisam de forma acutilante as facetas diversas dessas diversas entidades, o que se pode verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, O Dia Cinzento, de Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de Fernando Namora.
Na confluência com o existencialismo e com certas componentes da modernidade, são de salientar as obras mais tardias de José Cardoso Pires, O Anjo Ancorado e O Hóspede de Job, de Urbano Tavares Rodrigues, Bastardos do Sol, de Alexandre Pinheiro Torres, A Nau de Quixibá, ou de Orlando da Costa, Podem Chamar-me Eurídice. (Instituto Camões)
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