a) Ibéricos. São poucos e de origem discutível: arroio, baía, balsa, bezerro, bizarro, cama, esquerdo, morro, sapo, sarna; e os sufixos: -arra, -erro, -orro (bocarra, naviarra...). b) Celtas. A influência do povo celta manifesta-se sobretudo no campo fonético: brio, caminho, camisa, carro, dólmen, grama, légua, lousa, raio, touca, Coimbra, Bragança. c) Fenícios e Cartagineses. Estes dois povos falavam a mesma língua. Alguns vocábulos que ficaram no nosso idioma: barca, mapa, saco. d) Gregos. Com origem anterior a chegada dos Romanos, temos: academia, bolsa, cara, cola, democracia, dióspiro, étimo, governar, liceu, pedagogo; etc. Com o Cristianismo muitas outras palavras gregas foram difundidas: anjo, apóstolo, bispo, bíblia, crisma, diabo, diocese, paróquia. e) do Hebreu: aleluia, ámen, sábado; Abraão, Judite, etc. a) Germânicos: Geralmente referidos a arte militar, utensílios adubar, arauto, arreio, agasalho, barão, banco, bandeira, canivete, dardo, esgrima, elmo, galardão, guerra, marechal, orgulho, rico, trégua. Os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Este e Oeste. Alguns nomes próprios: Ataulfo, Frederico, Godofredo, Ramiro, Recaredo, Rui. b) Árabes. São numerosos os vocábulos de influência árabe. Muitos reconhecem-se pelo artigo AL: álcool, alface, alfazema, alfafa, alfinete, álgebra, algema, algodão, alqueire,;café, mesquinho, refém, xarope, xadrez, zero; a interjeição oxalá; (queira Alá); o pronome fulano; etc. c) Provençais. Algumas palavras deste idioma entraram no português arcaico por influência da poesia provençal (poesia trovadoresca): anel, alegre, assaz, jogral, trovador; etc. d) Franceses. A língua francesa é que mais tem contribuído para a língua portuguesa, desde o século XVII, sobretudo pela grande influência que a literatura francesa exerceu sobre a cultura portuguesa. São inúmeros os francesismos (ou galicismos): abat-jour, ancestral, apartamento, assassinato, atelier, avalanche, avenida, banal, bicicleta, blague, bouquet, ca-bine, chance, chauffeur (chofer), comité, detalhe, elite, envelope, feérico, felicitar, fetichismo, flanar, governante, greve, maquete, menu, nuance, omelete, reclame, restaurante, revanche, silhueta, toilette, tricot (tricô), vitrina; etc. e) Espanhóis. Também é significativo o número de vocábulos espanhóis no nosso idioma: bolero, castanhola, cavalheiro, colcha, cordilheira, façanha, fandango, frente, hediondo, lhana, mantilha, neblina, novilho, pandeiro, pastilha, picaresco, realejo, rebelde, redondilha, sainete, trecho, etc. f) Italianos. A maioria dos vocábulos oriundos de Itália dizem respeito à arte (pintura, música, poesia, teatro): adágio, aguarela, ária, bandolim, camarim, cenário, concerto, dueto, maestro, madrigal, piano, serenata, solfejo, soneto, soprano, tenor, violoncelo. São também de origem italiana: alerta, arlequim, balcão, banquete, boletim , carnaval, confeti, festim, fiasco, gazeta, macarrão, mortadela, palhaço, pastel, piloto, poltrona, salame, salsicha, sentinela, talharim, tômbola; etc. g) Ingleses. Os anglicismos também são em número bastante elevado, graças às relações comerciais e políticas: bar, basquetebol, bife, clube, dólar, futebol, gin, grogue, iate, jóquei, júri, macadame, panfleto, piquenique, pudim, recital, repórter, revólver, sanduíche (posteriormente sandes), teste, túnel, turfe, etc. h) De outras origens: 1. Alemão: bismuto, cobalto, gás, manganês, vagão, valsa, vermute, zinco. 2. Russo: bolchevique, czar, czarina, escorbuto, estepe, rublo, vodca. 3. Polaco: mazurca, polca. 4. Turco: casaca, caviar, cossaco, gaita, horta, paxá, sandália. 5. Holandês: escuma, quermesse. 6. Africano: banana, banjo, girafa, macaco, moleque, zebra; mandinga, macumba, muamba; cachaça, cuscuz; jiló, marimbombo; maxixe, batuque, berimbau; etc. 7. Americano: - Antilhas: canoa, colibri, furacão, tabaco. - Chile: abacate, cacau. - México: tomate, batata. - Peru: alpaca, charque, mate, vicunha. - Brasil: na fauna: araponga, arara, tatu, urubu, etc; na flora: abacaxi, mandioca, sapé, etc; alimentos, utensílios, crenças, etc.: caipira, curupira, piracema, etc.; topónimos: Guanabara, Pará; etc.; antropónimos: Araci, Iracema, Jurema, Jandira, etc. 8. Pérsia: bazar, divã, paraíso, tafetá, tulipa, turbante, anil, azul, jasmim. 9. Malásia: bule, bambu, catre, jangada, manga, pires. 10. Japão: biombo, gueixa, leque, quimono. 11. China: chá, chávena, ganga, tufão. 12. Sânscrito: avatar, jambo, sândalo, suarabáctil. Por isso, e de acordo com a origem das palavras, consideram-se, por um lado, as provenientes do Latim, e, por outro, as de origem diversa. Quanto às segundas, é costume agruparem-se em três categorias: 1. Palavras Hereditárias (desde as origens até ao séc. XII). As que existiam quando a língua começou a ganhar fisionomia própria. Isto corresponde a dizer que se trata do substrato linguístico peninsular constituído por influências dos iberos, dos celtas, dos fenícios, dos cartagineses, dos gregos, aos quais se vieram somar os germanismos e os arabismos. 2. Empréstimos (desde o séc. XI até ao séc. XVI). Pertencem a esta categoria os vocábulos que entraram para a língua depois de esta se encontrar formada, contribuindo para suprir as deficiências de um idioma ainda incipiente. 3. Estrangeirismos. São palavras de outras línguas que passaram a fazer parte da língua portuguesa. Estes vocábulos começaram a enriquecer o nosso idioma sobretudo a partir do século XVI, ou seja, na sua fase moderna.
Fases históricas do português 1. Português Proto-histórico
Estende-se do final do século IX até ao século XII, com textos escritos em latim bárbaro (modalidade do latim usada apenas em documentos e por isso também chamada de latim tabeliónico ou dos tabeliães). Dessa fase, os mais antigos documentos são um título de doação, datado de 874, e um título de venda, de 883.
2. Português arcaico
Do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos:
· do século XII ao XIV, com textos em galego-português;
· do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português.
A este período também se chama PERÍODO FONÉTICO e inicia-se com os primeiros documentos redigidos em português e termina no século XV.
A escrita neste período caracteriza-se pela forte tendência para ortografar as palavras tal qual eram pronunciadas: honrra; ezame; etc. Porém, a ausência de uma normalização ortográfica conduzia a uma variação na representação dos sons da linguagem falada. O som /i/, por exemplo, era representado ora por i ora por y; a nasalização realizava-se através do m ou do n o do til (bem, ben, be), etc.
Por outro lado, a ortografia não acompanhou a evolução que se operava no oral, conservando-se palavras como "ler" e "ter" grafadas com vogal dupla: "leer", "teer>.
3. Português moderno
A partir do século XVI, quando a língua portuguesa se uniformiza e adquire as características do português actual. A rica literatura renascentista portuguesa, nomeadamente a produzida por Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. As primeiras gramáticas e os primeiros dicionários da língua portuguesa também datam do século XVI.
Existe um período na evolução da língua portuguesa a que também se denomina PERÍODO PSEUDO-ETIMOLÓGICO e que se inicia no século XVI e se prolonga até 1911, ano em que é decretada a reforma ortográfica, fundada nos preceitos da gramática de Gonçalves Viana, publicada em 190
As primeiras gramáticas
A primeira gramática da língua portuguesa foi publicada em 1536 por Fernão de Oliveira. A obra apresentava 50 capítulos, que abordavam desde a história da linguagem até noções de sintaxe, com destaque para os aspectos sonoros; o seu conceito de gramática era clássico: "a arte de falar e escrever correctamente". Em 1540, surge a gramática de João de Barros, cronista e historiador da expansão lusa. As duas primeiras gramáticas da língua portuguesa seguiam uma mesma filosofia humanista: a exaltação da língua portuguesa, tida como a mais próxima dos padrões latinos. Daí a latinização sintáctica e léxica dos textos literários do século XVI. (http://bibesjcp.no.sapo.pt/historiadalingua.htm)
Sobre esta temática podem consultar o sítio do Instituto Camões.