“De Luís de Camões sabemos pouco, é certo, mas sabemos o suficiente para se não poder fazer dele outro modelo que não seja de singularidade. Pois em que padrão poderia transformar-se um homem que não estudou leis, não teve modo de vida conhecido, não levou nenhuma dama à igreja, não contribuiu para o aumento da população, não pertenceu a qualquer confraria, e cuja vida é capaz de ter sido mesmo das mais desgraçadas que jamais a qualquer português letrado coube em sorte? Camões, se modelo é, convenhamos que é apenas modelo de poesia e de liberdade — e isso basta.”
Eugénio de Andrade, “Quem celebra quem” in Camões, nº1, Agosto de 1980, Ed. Caminho
(Comemorações do 4º Centenário da Morte de Camões)
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