terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Carta do Fidalgo a S. Pedro

Venerando São Pedro, príncipe dos Apóstolos:

Já deveis saber da injustiça de que este Teu humilde servo Anrique, Fidalgo da Casa de Sua Majestade, foi vítima, por parte da intransigência do Diabo e de um Santo Anjo que acordou mal disposto. E logo a mim, a menos habituada das criaturas de Deus a ser tratada com grosseria.

É verdade que me descuidei um bocadinho. Mandei açoitar uns aldeões com as entregas de rendas em atraso. Alarguei ligeiramente a minha propriedade com as terras de uma viúva, que acusei de bruxaria. Mas não foi por maldade. É que ela não sabia explorar essas terras. E que culpa tenho eu de ter generosamente acolhido algumas damas mal-amadas? E ainda outras pequenas coisas que não valem a pena recordar, para não maçar Vossa Santidade.

Mesmo reconhecendo esses pecadilhos, acha Vossa Santidade que um homem da minha condição, habituado ao grande sacrifício de gerir a vida social de um castelo, ilustre representante da nobreza de Portugal, deva ser condenado? Não deixei eu na Terra quem reze por mim? E aquele donativo que dei para reparar o altar-mor da capela de Nossa Senhora dos Aflitos? Não ia eu à Santa Missa com frequência? Não receberam os meus filhos (mesmo os bastardos) o santo Baptismo?

Saiba, Vossa Santidade, que se for permitido voltar à Terra, mandarei erigir uma capela (não muito grande, pois não sou rico) em Vossa Honra e hei-de obrigar todos os que trabalham nas minhas propriedades a participarem numa Procissão em Vossa memória, finda a qual se comerá só peixe.

Na expectativa de que me conceda Vossa Santidade a grã mercê de voltar à Terra, reparando a maior injustiça que o mundo já viu, subscrevo-me,

Seu devoto e humilde servo,

Anrique de Penalva, Fidalgo do Reino

(in Ser em Português 9, 2004)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Boas Festas


Feliz Natal e Um Ano de 2009 em CHEIO!!


sábado, 20 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A Torre da Má Hora (II)

Agora do 9ºB, o trabalho da Graça e da Marta.


A Torre da Má Hora (I)

Aqui está o trabalho elaborado por um dos grupos do 9ºE: Hugo; João Costa; João Cunha e Ricardo.
Devidamente autorizado pelos Encarregados de Educação.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Áreas gramaticais

Uma possível hierarquia de estudo







sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

História da Língua Portuguesa

Vocábulos Pré-Latinos

a) Ibéricos. São poucos e de origem discutível: arroio, baía, balsa, bezerro, bizarro, cama, esquerdo, morro, sapo, sarna; e os sufixos: -arra, -erro, -orro (bocarra, naviarra...). b) Celtas. A influência do povo celta manifesta-se sobretudo no campo fonético: brio, caminho, camisa, carro, dólmen, grama, légua, lousa, raio, touca, Coimbra, Bragança. c) Fenícios e Cartagineses. Estes dois povos falavam a mesma língua. Alguns vocábulos que ficaram no nosso idioma: barca, mapa, saco. d) Gregos. Com origem anterior a chegada dos Romanos, temos: academia, bolsa, cara, cola, democracia, dióspiro, étimo, governar, liceu, pedagogo; etc. Com o Cristianismo muitas outras palavras gregas foram difundidas: anjo, apóstolo, bispo, bíblia, crisma, diabo, diocese, paróquia. e) do Hebreu: aleluia, ámen, sábado; Abraão, Judite, etc.

V
ocábulos Pós-Latinos - Proveniências:


a) Germânicos: Geralmente referidos a arte militar, utensílios adubar, arauto, arreio, agasalho, barão, banco, bandeira, canivete, dardo, esgrima, elmo, galardão, guerra, marechal, orgulho, rico, trégua. Os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Este e Oeste. Alguns nomes próprios: Ataulfo, Frederico, Godofredo, Ramiro, Recaredo, Rui.
b) Árabes. São numerosos os vocábulos de influência árabe. Muitos reconhecem-se pelo artigo AL: álcool, alface, alfazema, alfafa, alfinete, álgebra, algema, algodão, alqueire,;café, mesquinho, refém, xarope, xadrez, zero; a interjeição oxalá; (queira Alá); o pronome fulano; etc.
c) Provençais. Algumas palavras deste idioma entraram no português arcaico por influência da poesia provençal (poesia trovadoresca): anel, alegre, assaz, jogral, trovador; etc.
d) Franceses. A língua francesa é que mais tem contribuído para a língua portuguesa, desde o século XVII, sobretudo pela grande influência que a literatura francesa exerceu sobre a cultura portuguesa. São inúmeros os francesismos (ou galicismos): abat-jour, ancestral, apartamento, assassinato, atelier, avalanche, avenida, banal, bicicleta, blague, bouquet, ca-bine, chance, chauffeur (chofer), comité, detalhe, elite, envelope, feérico, felicitar, fetichismo, flanar, governante, greve, maquete, menu, nuance, omelete, reclame, restaurante, revanche, silhueta, toilette, tricot (tricô), vitrina; etc.
e) Espanhóis. Também é significativo o número de vocábulos espanhóis no nosso idioma: bolero, castanhola, cavalheiro, colcha, cordilheira, façanha, fandango, frente, hediondo, lhana, mantilha, neblina, novilho, pandeiro, pastilha, picaresco, realejo, rebelde, redondilha, sainete, trecho, etc.
f) Italianos. A maioria dos vocábulos oriundos de Itália dizem respeito à arte (pintura, música, poesia, teatro): adágio, aguarela, ária, bandolim, camarim, cenário, concerto, dueto, maestro, madrigal, piano, serenata, solfejo, soneto, soprano, tenor, violoncelo. São também de origem italiana: alerta, arlequim, balcão, banquete, boletim , carnaval, confeti, festim, fiasco, gazeta, macarrão, mortadela, palhaço, pastel, piloto, poltrona, salame, salsicha, sentinela, talharim, tômbola; etc.
g) Ingleses. Os anglicismos também são em número bastante elevado, graças às relações comerciais e políticas: bar, basquetebol, bife, clube, dólar, futebol, gin, grogue, iate, jóquei, júri, macadame, panfleto, piquenique, pudim, recital, repórter, revólver, sanduíche (posteriormente sandes), teste, túnel, turfe, etc.
h) De outras origens:
1. Alemão: bismuto, cobalto, gás, manganês, vagão, valsa, vermute, zinco.
2. Russo: bolchevique, czar, czarina, escorbuto, estepe, rublo, vodca.
3. Polaco: mazurca, polca.
4. Turco: casaca, caviar, cossaco, gaita, horta, paxá, sandália.
5. Holandês: escuma, quermesse.
6. Africano: banana, banjo, girafa, macaco, moleque, zebra; mandinga, macumba, muamba; cachaça, cuscuz; jiló, marimbombo; maxixe, batuque, berimbau; etc.
7. Americano:
- Antilhas: canoa, colibri, furacão, tabaco.
- Chile: abacate, cacau.
- México: tomate, batata.
- Peru: alpaca, charque, mate, vicunha.
- Brasil: na fauna: araponga, arara, tatu, urubu, etc; na flora: abacaxi, mandioca, sapé, etc; alimentos, utensílios, crenças, etc.: caipira, curupira, piracema, etc.; topónimos: Guanabara, Pará; etc.; antropónimos: Araci, Iracema, Jurema, Jandira, etc.
8. Pérsia: bazar, divã, paraíso, tafetá, tulipa, turbante, anil, azul, jasmim.
9. Malásia: bule, bambu, catre, jangada, manga, pires.
10. Japão: biombo, gueixa, leque, quimono.
11. China: chá, chávena, ganga, tufão.
12. Sânscrito: avatar, jambo, sândalo, suarabáctil.
Por isso, e de acordo com a origem das palavras, consideram-se, por um lado, as provenientes do Latim, e, por outro, as de origem diversa. Quanto às segundas, é costume agruparem-se em três categorias:
1. Palavras Hereditárias (desde as origens até ao séc. XII). As que existiam quando a língua começou a ganhar fisionomia própria. Isto corresponde a dizer que se trata do substrato linguístico peninsular constituído por influências dos iberos, dos celtas, dos fenícios, dos cartagineses, dos gregos, aos quais se vieram somar os germanismos e os arabismos.
2. Empréstimos (desde o séc. XI até ao séc. XVI). Pertencem a esta categoria os vocábulos que entraram para a língua depois de esta se encontrar formada, contribuindo para suprir as deficiências de um idioma ainda incipiente.
3. Estrangeirismos. São palavras de outras línguas que passaram a fazer parte da língua portuguesa. Estes vocábulos começaram a enriquecer o nosso idioma sobretudo a partir do século XVI, ou seja, na sua fase moderna.

Fases
históricas do português


1. Português Proto-histórico
Estende-se do final do século IX até ao século XII, com textos escritos em latim bárbaro (modalidade do latim usada apenas em documentos e por isso também chamada de latim tabeliónico ou dos tabeliães). Dessa fase, os mais antigos documentos são um título de doação, datado de 874, e um título de venda, de 883.

2. Português arcaico
Do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos:
· do século XII ao XIV, com textos em galego-português;

· do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o português.

A este período também se chama PERÍODO FONÉTICO e inicia-se com os primeiros documentos redigidos em português e termina no século XV.
A escrita neste período caracteriza-se pela forte tendência para ortografar as palavras tal qual eram pronunciadas: honrra; ezame; etc. Porém, a ausência de uma normalização ortográfica conduzia a uma variação na representação dos sons da linguagem falada. O som /i/, por exemplo, era representado ora por i ora por y; a nasalização realizava-se através do m ou do n o do til (bem, ben, be), etc.
Por outro lado, a ortografia não acompanhou a evolução que se operava no oral, conservando-se palavras como "ler" e "ter" grafadas com vogal dupla: "leer", "teer>.

3. Português moderno

A partir do século XVI, quando a língua portuguesa se uniformiza e adquire as características do português actual. A rica literatura renascentista portuguesa, nomeadamente a produzida por Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. As primeiras gramáticas e os primeiros dicionários da língua portuguesa também datam do século XVI.

Existe um período na evolução da língua portuguesa a que também se denomina PERÍODO PSEUDO-ETIMOLÓGICO e que se inicia no século XVI e se prolonga até 1911, ano em que é decretada a reforma ortográfica, fundada nos preceitos da gramática de Gonçalves Viana, publicada em 190

As primeiras gramáticas

A primeira gramática da língua portuguesa foi publicada em 1536 por Fernão de Oliveira. A obra apresentava 50 capítulos, que abordavam desde a história da linguagem até noções de sintaxe, com destaque para os aspectos sonoros; o seu conceito de gramática era clássico: "a arte de falar e escrever correctamente". Em 1540, surge a gramática de João de Barros, cronista e historiador da expansão lusa. As duas primeiras gramáticas da língua portuguesa seguiam uma mesma filosofia humanista: a exaltação da língua portuguesa, tida como a mais próxima dos padrões latinos. Daí a latinização sintáctica e léxica dos textos literários do século XVI. (http://bibesjcp.no.sapo.pt/historiadalingua.htm)

Sobre esta temática podem consultar o sítio do Instituto Camões.